domingo, 27 de dezembro de 2015

Histórias do Brasil

A temática da viagem no tempo inspirou e ainda inspira muitos livros e filmes. Clássicos da ficção científica como "Os 12 Macacos" passando pela divertida franquia "O Exterminador do Futuro" e até mesmo a saga Harry Potter já exploraram a tônica que parece ser uma fonte inesgotável para o entretenimento destinado a todas as faixas etárias. Recentemente, em 21 de outubro de 2015, comemoramos com festa a data da chegada de Marty Mac Mc Fly ao futuro. O personagem do grande sucesso dos anos 1980, "De volta para o futuro 2", chegou ao nosso presente, que era o futuro distante daquelas pessoas. Só que nós não nos parecemos muito com aquelas pessoas "futurísticas". Não temos skate voador e nem carros que flutuam, mas é bom saber que o filme foi visionário em diversos aspectos. 

É difícil acreditar, mas cientistas de verdade têm se debruçado sobre a questão da possibilidade de empreender tais viagens, como podemos perceber a partir do vídeo do canal Nerdologia.


A partir do vídeo acima, aprendemos que viagens no tempo são possíveis, embora nunca tenham sido tentadas (ou foram? Não entendi direito o vídeo). Como sou historiadora e historiadores são mais estraga prazeres que os cientistas, me pergunto: Se pudéssemos de fato viajar para um passado distante, como nos filmes de Sessão da Tarde que eu assistia quando eu era criança, como conseguiria me comunicar com as pessoas? Ou não conseguiria? 


O historiador e geógrafo norte-americano David Lowenthal é autor de um livro intitulado "O passado é um país estrangeiro". Um fragmento traduzido do livro pode ser baixado aqui

O texto se inicia com a epígrafe do historiador britânico G. M. Trevelyan: 

"A poesia da história repousa no fato quase milagroso de que, por esta mesma terra, por este mesmo chão familiar, já caminharam outros homens e mulheres, tão reais quanto nós, com pensamentos próprios, levados pelas próprias paixões, todos mortos agora, gerações e gerações completamente desaparecidas, da mesma forma que nós muito em breve desapareceremos como fantasmas no raiar do dia."

Lowenthal se mostra cético quanto à possibilidade de se compreender integralmente o passado, chegando a afirmar que à medida em que progredimos no conhecimento do passado, esse se torna cada vez mais remoto e menos cognoscível. Entretanto, acredito que a maneira apontada na epígrafe é um bom caminho para o ensino de História. 

Percebo que quanto mais os alunos se aproximam do passado por meio de histórias de pessoas reais ou possíveis, a atenção deles aumenta e o incognoscível se torna tangível. 

Claro que não podemos perder de vista totalmente a perspectiva do estrangeirismo no conhecimento do passado. Devemos nos esforçar para mostrar para os alunos que aquelas pessoas não pensavam como nós, que tinham seus próprios códigos e princípios. 

Partindo dessa perspectiva, é importante ressaltar que os vídeos da série Histórias do Brasil se mostram um instrumento admirável para ajudar os professores na aproximação dos alunos com o Brasil do passado. Os episódios da série contam histórias particulares intercaladas com o depoimento de prestigiados professores e pesquisadores. A curta duração dos capítulos ajuda a utilização didática, já que cada um têm em torno de 25 minutos. Cada capítulo é ambientado em um momentos  diferente da história do país (de 1530 a 1958). A linguagem é simples e os figurinos e cenários são fruto de cuidadosa pesquisa. 

Em todos os episódios, temos a impressão de que o que sabíamos sobre aquela época não era o bastante e descobrimos coisas que nem imaginamos. Descobrimos que embora aquela seja a nossa história, somos estrangeiros nela. 

Todos os episódios estão disponíveis no Youtube com boa qualidade. Disponibilizamos o link do primeiro: 


Boa viagem!