Ao iniciar o ano letivo, em uma aula inaugural para toda a rede municipal, transmitida pela Multi-Rio, a Secretária de Educação afirmou, mediante uma pergunta de uma professora da rede, que trabalharia para a implementação em toda a rede da lei 10.639. Eu assisti a essa aula inaugural na antiga escola em que trabalhava e não pude deixar de transparecer o meu descrédito, que foi compartilhado com uma colega de Língua Portuguesa que é muito ligada às literaturas africanas por ser essa a temática de sua pesquisa de doutorado.
Achamos que a secretária, na ocasião, estava falando isso apenas porque África é o assunto da moda e para se livrar da pergunta. Achamos que no meio de tantas demandas e urgências, a África ficaria, mais uma vez, esquecida.
Qual não foi minha surpresa ao receber por meio da escola o convite para a mesa “Imagens do Brasil: Relações Étnico-raciais, Diversidade, Multiculturalismos” realizada na última terça-feira, dia 23 de agosto, no centro da cidade.
Curiosa, me dirigi para lá sem saber muito bem o que esperar.
Bem, era uma mesa nos moldes acadêmicos. Muita reflexão, pouca aplicabilidade. O que eu aprendi lá muito me serviu para pensar a minha provável futura pesquisa, mas não ajudará muito na minha prática docente. A minha prática docente e o conhecimento que tenho de História da África só caberá a mim mesma melhorar. Mas essa iniciativa já é um começo, né? Quem sabe...
Eu tenho uma afeição especial pela História da África. Na faculdade achei um absurdo descobrir que a história do continente não era disciplina obrigatória. Peguei o que podia como eletiva. As pesquisas me levaram por outros caminhos, mas a África, ou melhor, as Áfricas sempre estiveram em meus horizontes. Quando estagiava no Cap, por meio do empenho e do exemplo da professora Mônica Lima, especialista e militante do ensino de História da África desde muito tempo, aprendi a gostar ainda mais de estudar o continente.
Entretanto, ainda sou uma iniciante no assunto.
Certa vez, ao postar o link da coleção História Geral da África (disponível na íntegra para download nos sites do MEC e da UNESCO ) um colega historiador me disse que não sabia da existência de uma obra tão extensa sobre História da África. Ele disse na ocasião que achava que dava para twitar essa história. Exageros à parte, realmente ainda existe muita coisa por fazer. Existe muito material legal na internet para os professores que querem entender um pouco mais sobre as temáticas relacionadas à África. Com um pouco de cuidado sempre, é possível fugir da folclorização e da simplificação que marcaram e ainda marcam o nosso imaginário sobre a África.
Existem muitas formas de inserir a África na nossa história. Reconheço que falta um pouco de boa vontade por parte dos professores também.
Já compartilhei com vocês a alegria e estarrecimento que uma aluna me causou ao me questionar onde estavam os negros na História que eu ensinava. As próximas aulas que darei na turma dela serão sobre História da África. Volto para falar sobre elas aqui e para mostrar o material legal que levantei e as atividades que podem ser feitas.
M... essas aulas serão para você.